domingo, 30 de agosto de 2009

Transfiguração

Transfiguração

Escuridão profunda
Inunda meu coração
Solidão vagabunda
Afunda a minha vida
Em amarga desilusão.

As trevas que atravessei
Deixaram em mim marcas profundas
Que me agonizei de dor
Com o dissabor das emoções pervertidas
Em ardente sabor de pimenta
Que atormenta igual ao fogo
O vão da minha consciência.

O saber da minha existência
Na ciência da exatidão
Busca a certeza em um flash de luz
O meu lado “são” nesta transfiguração
No buraco negro da vida
Que consome tudo
Sem deixar uma força se quer...
O meu ego em depressão,
Embora não me dê por vencido
Sigo mesmo ferido e carente
Com as vertentes lágrimas,
Neste sentimento comum
Por ser agora mais um solitário que jaz
Sem paz, a procura da própria razão.


Cesar Moura

Rumores

Rumores


Tambores tocam em eco pelo vento
Rumores que atravessam o tempo
O sentimento poético em fragmento
As vozes criam a melodia
...Sinfonia dos amores.

Poesia é a mania
Companheira dos meus sentimentos
É o sétimo sentido fazendo história
É a glória do momento
Me reinvento nesta forma
Na fórmula do elemento comum
No sentimento posto a prova
Que desaprova todo sofrimento.

Poesia minha amiga
Pelo bem que lhe quero
Lanço-a como flores
Em sentido aos rumores,
É chegada a sua vez...
Minha doce poesia.



Cesar Moura

Sino

Sino


Sou como um sino de igreja
Que do alto campanário
Nesta vida desatina
Badalando o meu timbre em suave tom.

Se a minha sina desafina o som
Saio da rotina a procura de um dom
Como “Dom Quixote” o cavaleiro andante,
Errante vou em busca da minha ilusão
Pois o destino este cruel capataz
Sagaz e pomposo de surrealismo
Fere de dor o sincretismo do amor
Se me tocam, vibro a badalar.

Sou como um sino no alto da catedral
O símbolo da fé
A torre, o pináculo central
Tenho o meu valor
Como elemento sonhador
De um espetáculo hilariante
Que diante de teus olhos se desfaz.








Cesar Moura

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Devaneio

Devaneio


Queria ser uma estrela e brilhar no céu
Só pra ver você me olhar
Queria ser a lua pra te iluminar
Ao anoitecer
Queria ser o sol pra te aquecer
E bronzear o seu corpo inteiro
Queria ser a água que cai do chuveiro
Pra molhar seu corpo no banheiro
Queria ser a sua cama e o travesseiro
Para te acomodar com todo carinho
Queria ser o amor
E dividir com você a minha vida
Queria ser a paixão
E morar dentro do seu coração
Queria poder dizer que te amo
O tempo inteiro
Queria ser um amigo verdadeiro
Um amante e irmão
Queria ser o seu companheiro
Pra viver ao seu lado
E jamais te deixar na solidão
Você é tudo o que eu queria
A luz que me da alegria
É à noite e o meu dia
O desejo que me contagia
Só não te quero como uma utopia
Como uma frase vazia
Haveria nos sonhos meus
Espaço para abrigar os planos teus
Pois quero fazer parte de seus planos
Para que faça parte dos sonhos meus
E vivamos felizes para sempre
Em meio a este devaneio.



Cesar Moura

domingo, 23 de agosto de 2009

Primavera

Primavera


Voa ao amanhecer o bem-te-vi
Com a rolinha e o coleirinha,
Logo vi o canarinho
No alvorecer de um novo dia.

Flores nascem na primavera
Cantando a paz com alegria
O sabiá-laranjeira
Na figueira florescida.

Faz do sol o seu brilho mais intenso
Que logo penso em admirá-lo,
Jardins e bosques ganham mais vida
E muito mais cores
E os poetas, novos amores.

Jaz esquecida a míngua de secura
Do inverno frio que secou até a quaresmeira
A fumaça cessa na lareira
O calor alcança a soleira.

Janelas que se abrem
Dando espaço para um novo ar,
E quem me dera respirar com liberdade
Vendo um botão de flor se abrir
E os pássaros livres a voar.

As crianças figurantes emissárias
Deste novo tempo
Alegre em suas travessuras
Correndo atrás da borboleta
Andando de velocípede ou bicicleta
Dão a ênfase a esta questão;
O quanto é bom viver.

A saber... É hora de renascer
Pois é chegada à primavera.


Cesar Moura

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Tese

Tese


Sou um contista imaginário
O poeta solitário
Um justiceiro em revestrés
Oriundo nesta tese emocional.

Sou o meu lamento
Que atormenta o meu eu
Sou este elemento que aventura...
A figura racional.

Também sou o fator que outorga a lucidez
Como um louco tecendo minha morbidez
Esperando a minha vez chegar;
Pra viver, ou simplesmente morrer...
Sei lá!

Sou um fragmento literário,
O elemento elitário
No cenário de toda esta ilusão,
Sou a peça desprendida
De um corpo que não para de envelhecer,
Segundo a vaidade que me toca sob medida
Na virada recalcada desta vida,
Já pensei ser muitas coisas
Mas me conformo em ser apenas eu...
O poeta solitário.



Cesar Moura

domingo, 16 de agosto de 2009

Quimera

Quimera


Oremos por nossa terra
Pelo fim de todas as guerras
Que deveras nos tira a paz
Vamos ver a luz do sol
Vertendo na escuridão
Abra o seu coração
Para o amor superno e fraternal.

Pode ser que a luz das estrelas
Um dia pare de brilhar
E que os pássaros lá no céu
Também deixe de voar...
Mas o amor nunca deverá cessar.

Quimera alusão no coração desfaz
Transforma a dor em paz
Quisera ter você o dom deste poder
Do amor forte e viril
Da inocência infantil.

Nunca perca a esperança...
Seja forte meu rapaz
Como a trança que refaz
O elo reforçado do script por esta ficção
Do amor firme e real
Que clama pela paz.



Cesar Moura

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Cinderela

Cinderela


Ao caminhar pela passarela
Fui conquistado por uma forte paixão
Transitava por ali a bela donzela
A mais bela do meu coração
Fui fisgado pelo olhar dela
E transtornado fiquei de emoção.

Cinderela, princesa encantada
Olhe pela janela
E veja a situação
Que você me deixou.

Se um dia voltar e andar por esta passarela
Lembre-se de mim Cinderela meu amor...
Estarei te aguardando
Como quem ansioso
Aguarda o nascimento de uma flor.



Cesar Moura

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Pega o Pão

Pega o Pão


Desculpe esta prosa
Caviar pra rico só de ova
De pobre é sagu
Coma deste angu
E vá sobrevivendo
Goma de farinha
Não faz mal a ninguém
E se alguém comer broto de bambu
Que dê um arroto e passe bem
O importante é não passar fome
Pega o pão e come
Paga pelo que tem.

Fartura é comer vitela,
Pendura é não ter um único vintém
Pra comer um caldo de costela,
Ainda olhar pele janela
E saber que a fome logo vem...





Cesar Moura

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Religião dos Inocentes

Religião dos Inocentes


Haveria pecador que não careça por perdão?
Fábulas malditas indulgente a perdição
Extorquiram a nossa fé de qualquer jeito
O sacrifício oferecido arde no peito
Com o amor que vem do coração da gente
Mais quente que o dízimo da irracional devoção
Pregando a religião dos inocentes
Saqueando o Cristo na cruz do calvário
Sem saber se é o bispo ou vigário.

A minha fé não corresponde com a pregação
Mas... A luz de Jesus remete a paz
No mais pleno mandamento de boas novas e amor
Oferece de graça à humanidade a salvação
Requerendo como sacrifício fiel
Apenas o sincero louvor
Fé não é medida por cifrão
É o fundamento de algo que não se vê
Agradando a Deus amando o seu irmão
Neste mandamento tudo se encerra
É isso que o Senhor de nós espera
O nosso amor ofertado como adoração.



Cesar Moura

domingo, 9 de agosto de 2009

A Torre

A Torre

A vida é uma torre
Se viva está erguida.
Sua ruína é só pó.

Na devastação da humanidade
Muitas torres foram derrubadas,
Sobrando apenas destroços
No pequeno coração.

É uma ironia do destino
Ou afã do acaso
Que o nosso mundo é uma Torre
Linda torre que suporta a vida

Duas torres existem
Em partes diferentes deste mundo:
Uma é construída com orgulho
E na massa, há arrogância
Falsa liberdade em que o rico come bem
E o pobre come ração

Outra torre tem arquitetura medieval
Luta-se para manter esta erguida
Limpando-a com a sangue inocente
Justifica-se que é religião
E é fundamental

Deus não faz acepção de pessoas
Construtor incomparável
Faz da vida torre forte em suas mãos
Dando ao homem eterna esperança
De receber a salvação.




Cesar Moura

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Almirante Negro


Almirante Negro


A revolta da chibata
Pôs um ponto final no convés
É o revés de uma história
Que venceu os coronéis
João Candido Felisberto
O almirante negro
Enfrentou os marechais
Conquistou em sua armada
O comando do “Minas Gerais”
Os marujos conspirados
Revoltados pelos castigos aplicados
Acenderam o estopim pra este motim
Não queriam mais ser tratados como escravos
O clarim pediu combate
No silêncio pôs um fim
E a Guanabara enquadrada
Rendeu-se a sua esquadra
Mas depois de tudo resolvido
Este pobre marinheiro negro
Foi detido com os demais companheiros
Sendo banido da marinha
Viveu o seu conflito pessoal
Mas como tal...
Jamais será esquecido
“Almirante Negro
O herói nacional.



Cesar Moura

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Raiz Cultural

Raiz Cultural


A saga em contínua provação
Prova que a raça avança na miscigenação
Resistindo as injustiças desde os tempos da escravidão.

Superação em massa...
O negro é raça forte
Resiste à própria sorte
Sendo hoje o seu senhor
Com o amor ardendo no peito.

A expressão que se tornou mais forte,
No esporte e a arte
Como parte da nossa cultura popular
O samba musica e poesia
Esta na linguagem comportamento e atitude
Da cor que carrega a virtude
De não ser melhor que ninguém,
Sendo apenas bom por ser alguém.

A nossa pátria é o mundo
A mãe África o nosso berço... A benção, uma nação
Angola, Moçambique, Costa do Marfim
O negro é assim;
Tem o sorriso maroto
Do moleque mulato
A alegria como prato principal
Esta na feijoada o legado desta mistura
Dentro da cultura nacional,
África-Brasil... Raiz cultural.



Cesar Moura

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Raizes

Raízes


Saga que cega o homem
Sem nome segue além
Seu destino a servidão
A dor no porão do negreiro
O nevoeiro deixou para trás
A mãe África... Continente generoso
Agora distante e doloroso
Horroroso opróbrio da escravidão
Açoites, argolas, gritos e dor
Dentes serrados... Angola nunca mais
Cativo de sua terra natal
Nativo de Moçambique
Guerreiro do Congo e Bissau
Desembarcou assustado
Pescoço acorrentado
A escravidão agora é um novo inimigo
Que precisava ser derrotado
Mas apenas ser negro já era complicado
Ter na cor a raça
E por sua massa ficava logo marcado
Sendo vendido como produto em pleno mercado
Quem se negava ao trabalho escravo
Era pendurado no poste, castigo e açoite
Dia e noite até a morte
Pra vencer a senzala não bastou apenas ser forte
Tinha que ter no sangue o desejo de liberdade
E um grito surgiu nos ares
No quilombo dos Palmares
E em muitos outros altares
Nos pilares dos quilombos
Onde se abrigou a cultura
A estrutura de um sonho livre
Que nunca acabou,
As raízes fincadas em solo estrangeiro
Crescem fortes e guerreiros
Levando adiante a alegria
Que um dia foi um soluçar de dor.


Cesar Moura

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Rosa Branca

Rosa Branca


Sinto a brisa que desliza sobre mim
Ser-me-ei feliz assim
Colhendo rosas brancas pela paz
Antes que jaz o entardecer
No limiar de um velho dia,
Crepúsculo para todo ser
Ser... Ou não ser?
Já não é mais a questão
Tenho o direito de ser feliz
E desfrutar o gozo de toda paz
Brisa que voa com o vento
Sinto o seu mover no ar
Traz a chuva serôdia
Pra regar a rosa branca
Que brota e logo vai desabrochar,
Irá representar a felicidade e também a paz.





Cesar Moura



68

sábado, 1 de agosto de 2009

Independência ou Morte

Independência ou Morte


O brado...
Montado a cavalo
Escorregou na sorte
“Independência ou morte!”
Não foi de verdade,
E... Nem tão forte assim.

Pintura inusitada
Do lusíada ali parado
Deu seu berro exagerado,
Independência pra que te quero
Se não o for pra própria morte.

Não faço parte desta corte
Mas curto muito tudo isto
O exagero deste grito
Virado feito mito.

O mitológico Dom Pedro e seu cavalo
No ralo do riacho Ipiranga
Desceu escorregando na história
Por ele representada.

Nas duas opções que nos deu
A segunda atualmente é mais usada,
Afinal independência se perde com o tempo
Mas a morte,
Com o tempo ele nos acha.


Cesar Moura