quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A ira

A ira


A lida da escuridão,
No coração a ferida ardeu em ira
Numa mágoa voraz vagabunda,
Que suja e imunda roubou toda paz.
.
Logo me sujeitei ao rancor
Com o ódio que brotou como flor
Desabrochando entre erva – daninha
Fazendo-se em tamanha delinqüência eficaz.
.
Sofro por faltar-me palavras na boca,
As quirelas de ofensa que não foram ditas
No apogeu desta grande aflição,
Quisera ceder ao dano, dando sentença à parte;
Neste meu julgamento incapaz.

Na parte em que se desfez o meu ego,
Restou-me seguir a vida no limbo
Com a ferida tenaz entreaberta.
Pensei até recorrer ao amor, mas fui incapaz...

No limite de toda minha loucura
Não encontrei uma cura para este rancor,
Entreguei-me ao prazer de ferir através da dor
Quem se fez no presente momento o meu opressor.

Remoí em vão tais sentimentos profundos
Pelo desejo de matar e morrer,
Somente para ver sangrar sem dó o opositor
No ápice deste ressentimento fútil,
Sutil talvez por demais!
Inútil se foi de uma vez o amor sem pensar,
Porém não salientei mais contenda;
Antes que se entenda...
Desfeita toda a ira e a dor,
Então, tudo se tornou para mim novamente em paz!


Cesar Moura

domingo, 26 de setembro de 2010

Madiba-Cosciência Negra

“Madiba”
Consciência Negra



Afastado da liga social por injustiça,
Na união racial que iça o amor por justiça venceu.
Vida separada a segregação, apartheid uma dor comoveu...
No cárcere privado seu sonho não morreu...
Madiba, guerreiro lutou pela paz,
Guerrilheiro de uma paixão;
Liberdade tomada à mão do silêncio
Prisioneiro perpetua em seu ideal...
Família tornou-se pra ele uma nação num sentimento legal.

A humanidade ganhou sua voz no coração do nobre rapaz,
Em teu formoso ser humanista voraz;
Levantou a bandeira do amor
Por ter no intento o curso direito, modera conciliador.

Mandela, a flor do alento
No desalento da dor,
Foste feito verdade na foz de justiça!
Ser homem pouco bastou os limites da cor.

Lutador apanhou na vida,
Preço que pagou por tantas chagas na alma...
Condenado ao exílio da dor,
Para ver correndo os filhos da liberdade
Inundou de coragem teu coração bendito.

- Consciência negra -
Dito filho fiel,
Digno do busto em sua honra
Feito na poesia o gosto de mel.
Sei de teus feitos!
No exemplo deste efeito moral,
Pelo destino que controlou nas palmas de tuas mãos.


Cesar Moura

Dolo

Dolo


Em meu solo vivido anelo vencer...
Sigo o revigoro desprendido de todo viver.
A saber... O tolo se foi por ingênuo pensar,
Ficou o pesar do amor na vencida paixão.

Crime fatal!
Meu dolo ato irracional,
Entregue as milícias da vida
Conformado com a dor rejeitou o amar...
Defraguei em vão a explosiva emoção.

Fiz-me de vitima prostrado ao chão
E do meu ego refém ou talvez um vilão,
Feito algoz reprimenda na mão...
Perdido no caminho em total escuridão.

O meu silêncio no banal desalento
Com o acalanto de um colo
Vi descansar minh’alma no pretérito da solidão.

Verso meu cântico sem coro
Chorando por todo mal que fiz,
Sublinhei de vez o pecado em meu ódio...
Ócio por falta de amor!
Agora percebo o tolo que fui,
Ruí diante de todo este dolo, quando perdi a razão...


Cesar Moura

sábado, 11 de setembro de 2010

Fé radical

Fé radical


Onze de setembro – Hemisfério da morte!
A sorte foi lançada,
Abafada esta pela poeira do tempo.
Duas irmãs gêmeas tornadas em pó,
Na fuligem solta ao vento...
Pobres almas sofridas que clamaram por clemência!
- Corpos flamejantes em dor...
Não houve dó, nem mais um pio se ouviu.
Desespero, ruínas e terror!
O fundamentalismo religioso é;
Como um avião em rota de colisão.
O amor se esvaiu como nada,
Com a fé nas mãos dos lunáticos, fanáticos e radicais.
Errantes e perdidos na borda do tempo
Fazendo orações sem sentido,
Tomados pelo idealismo sem razão.
Criamos nossas crenças
E nos cruzamos por aí pregando as diferenças.
O Deus que o mundo todo prega
Não cabe na suposta pregação,
Por tanto poder imediato
Ele acabaria com o mundo numa fração de segundo,
Se assim o quisesse...
Talvez ainda haja um único caminho
Para encontrar a perfeita redenção divina,
O amor!
Pois quem ama a paz não prega a violência!
Ou, invés de lutar corajosamente numa batalha,
Evita começar uma guerra.
O amor e a misericórdia são as únicas verdades
Que atenta nossas vidas por ser demais em compaixão,
O resto é só terror e violência.


Cesar Moura

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Bigamia

Bigamia


Primazia devota por prazer o bem natural
Que une com amor o romântico casal
Juras de amor eterno... Paixão incondicional!

Vai-se a vida em curso da convivência;
Não demorando os dias, vêm as diferenças!
Ostracismo devaneia o tédio em assédio moral...
Veja agora o amante enamorado como foi tornado,
De homem amado, a “sapo boi” enfeitiçado!
O pobre príncipe encantado perdeu o encanto...
Enquanto a “megera medusa” virou uma fria mulher
Que transformou os sentimentos em pedra.
Perderam o valor com a prima que se foi com o tempo,
A paixão se corrói,
Quando até, a mais simples piada já não tem mais graça...

Bigamia, que loucura!
Pra onde foi o amor?
Traição não é remédio...

Amantes sem melodia,
Desafinando no compromisso com disritmia...
A união perdeu sua vez,
Pra uma nova emoção que venceu o “amor”.
Na tez sentiu a dor quem ficou para trás!
O bígamo sem solidez, tudo fez por si só...
Na mentira egoísta ao alimentar a falsa paixão;
Não passou de farsa, foi somente ilusão.
Aquilo que era belo entre dois, virou três...
E o que um dia foi sério acabou em adultério!


Cesar Moura

Malicia

Malicia


Depois que se for o amanhã
Não virá com saudade
Na flor da idade a chorar!
Os planos da vida em vão criaram uma lacuna,
Que outrora plenamente sã
Figuraram na malícia do olhar,
Por toda doce e suave milícia
Dotada de amor com sabor da hortelã.
Outorga figurar o jugo do ser na união
Que ficou no prazer bem passado,
A lembrar da pele macia
Tecida como fios finos da lã.
Com o lampejo de amar,
Tornaria então em pecado;
Um pensamento obstinado a tocar na beleza da tez!
O deleitar da crua nudez faz de insensata a lógica,
No ato do coito que entrega o coitado a paixão.
Desfalecendo nas mãos tão passiva do amor
A mercê da loucura, minha cara amante e vilã.
Hoje se vai à flor do desejo,
Ensejo resumido no beijo;
O lúdico amor vespertino.
...Esteja mais livre dos maus sentimentos
Para quando vier à luz do amanhã outra vez;
Naquilo que nos traga o prazer,
Deixe-nos também um pouco de paz.


Cesar Moura