domingo, 12 de dezembro de 2010

Peregrino

Peregrino

De que me valeste ó solidão
Ao que me reserva a sorte
Em berço esplêndido à própria morte.
Vejo-me, gentil peregrino em terra estranha
Debandado e repartido em tantas partes
Que às vezes nem sei direito quem realmente sou.
Talvez um pesadelo dentro de um sonho...
Por tantas vezes desejei acordar
E voltar a parte sincera da realidade,
Mas, este meu sono tão profundo
É a mentira que me rege...
E reage contra tudo e contra todos.
Hei pátria minha!
Minha vida...
Quando eu acordar e der por mim,
É porque talvez, recorri a outro sono.
...Provavelmente até morri.


Cesar Moura


Poesia no Divã

Poesia no Divã


Melancolia nos versos da minha emoção,
Desvanece o meu rígido viver...
Ah! Libido da poesia, porque me desguarnece neste indigno sofrer?
Então, faço-me paixão sem saber direito
Como me sairá este natural prazer...
O meu real pendão virtuoso em seu orgulho,
Frustrado esvaece em meu viver.

Quando o adverso contradiz a poesia,
Recorro ao advérbio da paixão, na esperança de me recompor
Das duras penas que sentenciam a razão.

Nesta via em que me faço voz
Retraído por tão pouca luz,
Carrego só, o peso da minha fatigante cruz.

Vida que às vezes desaponta
Escorrega lisa na ponta desta pauta,
Sofro calado o ardor de toda réstia de ilusão
Tomando sem sentir o gosto a hóstia da comunhão.

Talvez um dia encontre as palavras certas
Para o meu bom labor, que por amor me faça vencedor...
Não abro mão da poesia sem chorar
Pois quando me entristeço, começo a vagar.

Procuro no verso a grandeza da boa liturgia
Quando faço do texto, pretexto pra sonhar
Entretanto, quando cessa o verbo deste sonho meu,
Toda palavra torna-se vã...
Deitado no divã me ponho a chorar!

Sou por afã,
Simplesmente fã da vida vista com amor...
Na lida poesia, sigo me recompondo.


Cesar Moura


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Ensejos

Ensejos

Coração que triste vagueia
Aclamado pela solidão,
Entre os ensejos que trás nesta vida
Torna-se escravo da ilusão.

Os anseios nascidos no coração
Não cabem sendo tais desejos insaciáveis,
Dentro de uma única paixão.

Sentimento que dilata os olhos,
Vê na beleza de alguém alvo pra se fartar...
É como beber água e nunca saciar toda sede.

Amor surreal,
Às vezes parece ilegal...
O amante no ápice de sua loucura
Procura a cura no ato de amar.

Coração mercenário vendido
Que agora se encontra vencido
Por um desejo que não se pode controlar.

Amor contraído com o rígido dissabor da paixão...
É como a dor incurável
Trazendo o elemento vilão
Nestes casos de ansiedade
No mundo da solidão.


Cesar Moura