terça-feira, 25 de maio de 2010

Cólera

A Cólera

Lesada vaidade coletiva,
Resigna-se o meu ser pelo medo que me fere...
Entre tantos predadores desta terra;
O que mais temo é o próprio homem.
Pois, quem é o único neste mundo,
Que mata sem sentir fome,
Matando somente por prazer?
Ou destrói em nome do desprazer?
Ah homem!
Em nossa vã sabedoria,
Buscamos as riquezas e ciências desta vida;
Para vivermos da loucura cega,
Na lacuna do terror que nos consome.
O vazio de nosso crânio se esquece,
Do genocídio que entristece de dor a humanidade,
Enriquece o urânio e constrói bombas nucleares
Para explodir com sutil frieza o núcleo dos lares.
Mandamos pelos ares o dócil sorriso inocente
De nossa gente.
Os vibriões de tanta loucura
Moram espalhando o terror por vastos lugares,
Sinto o ardor em minha pele!
O pavor que me causa a besta fera,
Neste raciocínio lógico na beleza da supremacia,
No físico incomum intelectual
Despreza por conceito a diferença racial.
Bate no peito com orgulho,
A inversão da qualidade moral.
Por tanto mal, me ponho por medo e tremor!
Vi no calor da bomba radioativa o pior de todos nós;
Corpos no pó desintegrados, desfacelados e mutilados.
Nagasaki e Hiroshima...
Dentes rangentes de dor,
Pela flor de um cogumelo gigante,
Não sinto estima por esta grandeza desumana,
Nem me curvo aos seus pés!
Poderia ser golpeado pela falta de indulgência da sorte,
E encontrar por aí a minha morte nas mãos do vil agressor.
Tenho medo de olhar no espelho,
E descobrir no reflexo deste homem velho que sou,
Que de mim pouco restou
A não ser apenas arrogância e prepotência, um orgulho banal.
A vida perece cada vez mais distante da verdade.
Nossa humildade confunde-se com um monstro qualquer,
Abastardo do amor...
Rasguem-se as entranhas, rejeitem as nossas formas estranhas!
Para que a cólera nesta loucura do homem
Torne-se um dia na inteligência convertida em bem.
Jaz aqui a nossa hipocrisia,
Os holocaustos pelo desejo de poder
Se ainda existe uma esperança,
Então fujamos de nós mesmos
Quando o nosso ódio for maior que o amor.


Cesar Moura

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Council

Council


Rosa negra é difícil de ver,
Por ser precioso o amor
Faz-se em council saber.
Encantado, nasce como uma flor
Da nobreza a arte o viver.
Chega a ser doce igual ao mel e licor,
Amor é presente de Deus;
É dom em resplandecente poder
Viver por amor é tão bom,
Prova-se da vida o sabor
Deste interativo prazer.
A consciência da alma é amar,
Pois quem ama é feliz
Sabe o que pensa,
E também o que diz
Quem semeia amor,
Colhe a paz.
Pelo council saber corre atrás
O verdadeiro amor ideal,
Igual a rosa negra é difícil de ver.


Cesar Moura

domingo, 16 de maio de 2010

Trincheiras

Trincheiras


Eiras nas viradas,
Postas ao tempo no viril amor
Beiras tu a dor no fogo consumidor
Como um soldo afogador,
Soldados nas trincheiras
Cheirando a morte em sua forma inteira,
Chorando até ela o levar.

Feridas sangram sem dó,
No pó entre lágrimas vertido o nó...
Sentimento que exprime entre a honra e coragem,
O sentido do homem no opróbrio conhecedor
Quando lutam juntos pela vida,
É sinal que conheceram o amor.

Regimento certo que vence toda a guerra
A fera que sedenta luta por paz,
Quando nas fileiras cai alguém ao seu lado
O fardo se torna angustiante,
Porque deveras lutar assim?
Entrincheirados, a vida beira o fim,
Diante da eminência da coragem
Renasce das cinzas o homem,
No jardim em vital amor.


Cesar Moura

Soldados

Soldados


Na fronte uma bandeira rasgada
Rajada e consumida pelo tempo,
Vento flamejante em plena haste
Surge no horizonte o tecido espectro,
No retrospecto da guerra gera o horror.

Na guerra não existe vencedor,
Soldados entrincheirados choram as duras dores
No pior de todos os horrores,
Defendem a si da pátria causa
Pela dor que lhes fazem sofrer.

Homens treinados para morrer...
No estresse da morte,
Lançados como dados a sorte
A esmo no conflito em confusão.

Depreciam o sangue e corpos mutilados
Lado a outro resistindo pela vida
Às vezes em vão o desejo de sobreviver
Para além do mais sobrevir à solidão.

Heróis da guerra não têm glória,
Ingloriosos bravos guerreiros
Premiam-lhes medalhas por honra ao mérito
Pelas vidas ceifadas nas mãos do atirador
Em cumprimento da tola missão.

No abrigo do jazigo o guerreiro
...Sem nome o herói de uma nação.


Cesar Moura

Insano Amor

Insano Amor


Desejo insano,
Às vezes profano ardente de amor;
De vez em quando é engano...
Confusa paixão!
Diz um plano perfeito assim;
Que as primícias do amor
Justifiquem os meios e fins.
Agindo na insanidade da embriaguez,
Vertigem que é quase loucura
Desaba em coragem doçura na tez
Reage o querer por tesão, o bel prazer.
Diante dos olhos instiga o desejo,
Um beijo na boca molhada,
Talvez a silhueta marcada
Seja a penitência pra alma carente de amor,
Que se perde na calma ao ver a beleza da flor.
E na sombra da patética impotência
Se rende em brasas de fogo o vil coração
Por insanidade à ardente paixão.



Cesar Moura

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Indelével

Indelével


Coração que arde em chama pela paz;
Voraz e indelével amor,
Voz que clama no deserto,
De certo rogo me envolveu na solidão.

Quem sou eu?
O álibi que caiu na foz da desaguada ingratidão,
Queria ver a santa profecia apregoada em real labor,
É sempre assim...
Viver da dor sempre causa contrição!

Somos parte de tudo isso,
Esta vaidade aqui vivida
É quase sempre uma maldição,
A paz que eu preciso nunca será dissuadida,
Pode ser tola a utopia da minha razão.

Sei que todas as minhas lagrimas vertidas
E caídas pelo chão,
Um dia brotarão flores em botão,
Pra enfeitar de branco a dura vida
E aliviar as feridas que doem no coração.

Reza toda a humildade,
Por haver nesta qualidade
A verdadeira redenção,
Voz que clama no deserto,
Indelével chama acesa na poesia,
Lá se vai o meu bordão;
Paz e amor na vida,
E alegria no coração.


Cesar Moura