segunda-feira, 29 de junho de 2009

A História de Januario

A História de Januário

Esta é a história de Januário.
Um cabra da peste.
Homem esforçado da terra agreste,
Passando sede e fome lá na sua terra,
Resolveu ir embora.
Pegou sua jumenta e a sanfona,
Com lágrimas nos olhos
Pegou a sua família
E foi estrada a fora.
Mas agora pra onde é que eu vou?
Vou pra cidade grande,
Talvez lá eu tenha uma chance...
Junto com a Juventina,
Sua amada e corajosa esposa.
Saíram do nordeste e foram para o sudeste.
No caminho venderam sua jumenta,
Pois Januário não tinha nenhum tostão.
Compraram as passagens
E rumaram para São Paulo.
Para a cidade grande foi este homem sonhador.
Chegando então na grande metrópole,
Desembarcou com a sua prole na rodoviária.
Com três crianças bem pequenininhas
Januário olhou para Juventina,
E perceberam que o sofrimento era uma sina
Que precisava ser vencida.
Com suas trouxas e a criançada
Sentaram na calçada.
Pois aqui em São Paulo não tinha família.
Januário não tinha do que se arrepender,
Sair da sua terra era melhor do que morrer,
Sem ter a chance de vencer a seca e fome.
Arrancou sua sanfona e começou a tocar
E Juventina com as crianças acompanharam com esta canção:
Sou do nordeste e não tenho medo,
Canto uma canção que fala da coragem,
Da gente valente que sonha em comer um pão decente.
Sou do agreste e sou trabalhador.
Sonho com a dignidade de um pai de família,
Pois o único alimento que eu tenho para dar
A minha mulher e filhos é o meu amor.
Por favor, estende as mãos pra ajudar a gente,
“E nos ajude a vencer a nossa dor”.
E muita gente que ia passando,
Ajudava com alguns trocados.
Passava por lá um tal de Severino,
Que se dizia construtor.
Deu um endereço e ofereceu trabalho
Que Januário logo aceitou.
Este nordestino acreditou na sorte,
Que o destino reservou.
Foi para a pousada lá no Cambuci
E logo ali conheceu mais alguns conterrâneos,
Que com ele foram espontâneos,
Pois muitos desta gente viveram a mesma história.
E Januário hoje vive a sua glória.
Alegre e feliz, vê bem formados os três filhos.
São doutores e prestigiados.
E muito me alegra a vida desta gente,
Marcada por coragem e força de vontade.
“O Januário conta-nos a sua história,
Toca sua sanfona e tem que ser agora
“Vi a sua força na sua vitória”.







Cesar Moura

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