quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A ira

A ira


A lida da escuridão,
No coração a ferida ardeu em ira
Numa mágoa voraz vagabunda,
Que suja e imunda roubou toda paz.
.
Logo me sujeitei ao rancor
Com o ódio que brotou como flor
Desabrochando entre erva – daninha
Fazendo-se em tamanha delinqüência eficaz.
.
Sofro por faltar-me palavras na boca,
As quirelas de ofensa que não foram ditas
No apogeu desta grande aflição,
Quisera ceder ao dano, dando sentença à parte;
Neste meu julgamento incapaz.

Na parte em que se desfez o meu ego,
Restou-me seguir a vida no limbo
Com a ferida tenaz entreaberta.
Pensei até recorrer ao amor, mas fui incapaz...

No limite de toda minha loucura
Não encontrei uma cura para este rancor,
Entreguei-me ao prazer de ferir através da dor
Quem se fez no presente momento o meu opressor.

Remoí em vão tais sentimentos profundos
Pelo desejo de matar e morrer,
Somente para ver sangrar sem dó o opositor
No ápice deste ressentimento fútil,
Sutil talvez por demais!
Inútil se foi de uma vez o amor sem pensar,
Porém não salientei mais contenda;
Antes que se entenda...
Desfeita toda a ira e a dor,
Então, tudo se tornou para mim novamente em paz!


Cesar Moura

Um comentário:

  1. Cesar Moura

    Poeta o teu espaço prima pela força dos sentimentos.
    Admirável teu blog e teu acervo poético!
    Saudações poéticas.
    Marli Franco

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